“Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga.” Deleuze
quinta-feira
ADEUS
O silêncio gritante da escuridão penetra-me,
Escorre de meu tecido pálido...poros em sangue...
Sinto-lhe como estacas perfurando minha pulsação.
Tonteio-lhe com a saliva amarga da solidão
Até que embriagado sussurra-me o castigo do não.
Corro por entre mim mesma na absorvescência da ilusão
E meus olhos umidecidos ainda trapaceia-me com tua miragem.
Quero não vê-la ... como não lhe vejo agora...
Quero esquecê-la...como me esqueces agora...
Teu eflúvio ainda vagueia arrepiando minh'alma,
Fantasma...se ainda não pudesse tocá-lo em meu corpo.
Dize-me, você, como tornarei a olhar para o manto celeste,
Comtemplando a negridão do mistério cósmico,
Sem soprar meus pensamentos até seus olhos?
Dize-me, você, como tocar no negrume de meus cabelos,
Sentindo a extensidade dos fios sobressaltos,
Sem, em devaneio, deslizar meus compridos dedos pelo seu?
Dize-me você, como experimentar a brandura das nuvens em dia de verão,
Trasmutando-se em penugens celestes,
Sem sentir o arrepio de tua pele tenra unindo-se à minha?
Dize-me como gozar quando deleitar-me com o bálsamo das rosas,
Experimentando tuas pétalas orvalhadas,
Sem abarrotar-me de excitação pela umidez lasciva de teu corpo?
Passa da meia-noite, e tua ausência ainda grita em meus ouvidos...
Quem dera...ser-me surda para a ingratidão de teu amor!
Mas sou assim, esse turbilhão de esperança!
Se ao menos pudesse eu agora adormecer...
Meus sonhos o trariam de volta pra mim,
E na ebulição do nosso quimérico encontro,
Pudesse eu tocar-lhe mais uma vez....
Mas até mesmo o pálido sono abandonaste-me no altar dos sonhos...
E então...resta-me o atordeio dessa alma noctívaga!
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