quarta-feira

CINCO DE ESPADAS

E então, ela adormeceu...
Imóvel sobre suas pestanas avermelhadas e umedecidas.
Teu corpo, como um caracol envolto de si mesmo, sofria
Durante a madrugada, de imperceptíveis trepidações.
Não tardou para que os sonhos lhe revirasse os olhos,
E como em uma triste visão, ele surgiu.
De sobressalto ela acorda e em desespero questiona o silêncio.
E a noite calma e estrelada lhe diz:
Cinco de Espadas.


AMOR: O MAR

Amar é transbordar...
Transbordar de todas as formas, de todos os jeitos.
É sentir-se cheia, muito cheia,
E então transbordar-se, vazar de si mesma,
Como a lua, que cheia, entorna toda sua luz sobre o céu noturno,
Como o mar que enche e derrama-se em ondas na areia, alagando tudo ao seu redor.
Ah!a enxurrada....
O que é, senão o líquido do amor?
Vai com toda força arrastando tudo sem controle,
Não compreende as margens, tão pouco os muros que tentam lhe comprimir. 
Simplesmente escorre...
E ao escorrer desintegra-se, perde-se de si mesma para nunca mais voltar.
E o amor não correspondido?
É como a chuva em tempestade preenchendo todo o mar, que se agita
E se transborda em violentas ondas.
Mas, de repente, é como se toda a chuva cessasse,
E o mar cheio e sozinho, escorresse, escorresse,
E escorrendo, se desintegrasse em solitárias poças,
Até fazer o que era excesso, secar.