quarta-feira

Pó e sia

O nosso amor chegou ao fim...
Casamos sobre altares de rimas
Trocando alianças de versos
No templo sagrado do Delírio.
Regados a vinho e desejo
Nossos corpos fundidos
Deitaram-se sobre lençóis bailarinos
E marcharam paredes de papel,
Escritos fomos
Poema e Poesia
Nossos únicos bens
Divididos!

quinta-feira

O MAR

Saudade de tuas ondas carnudas
Encharcando e contorcendo minhas margens 
Arrastando grãos férteis
Diluídos no abissal de sua pele
Castanha...
Que quebro com os dentes
Mordo
Teu núcleo doce e efusivo
Escorrendo sobre minhas ilhas
Envolvidas em pertubações líquidas.


terça-feira

The End

Apagava o vermelho das unhas
Sentindo remover o esmalte da alma
E escorrida a paixão pelas pontas dos dedos
Infiltrava na escuta o espião
Aos sinais ácidos de "The End"
E se indagava: The west is the best?
Trovões, gritos insanos das nuvens
Acúmulo de águas serpentes
Morte fluída anunciada caia
Entre cada paralelepípedo íngreme
E descia...
Criança louca descolorindo o corpo
No silêncio da chuva de verão
A entoar:
"Dói te libertar"

domingo

Poema para um Mistério

Quando, por alguns instantes
Teu ímpeto mistério diz "sim"
Permito-me aproximar de teu bosque envolto de névoas
E conhecer-te um pouco mais.
Sinto, então, de dentro de sua escuridão
Emanar um doce perfume
Feito riacho escorrendo de teu corpo
E preenchendo-te de luz e calor.
Teus olhos quando me olham
Não sei bem o que veem,
Mas são como dois buracos negros me sugando.
Perco-me...
Desfaço-me...
Enfeitiça-me...
E então, rendo-me outra vez aos teus mistérios.