Teu silêncio plana, agora, sobre a rouquidão dos móveis empoeirados,
Pingando em minha nuca teu doce suor orvalhado.
O vento que emana de suas asas invisíveis, ruflando,
Me balança os cabelos, que em vão, tentam te alcançar.
Teus olhos vagueiam entre as fissuras do meu suspiro,
Umedecendo o ar seco que me bafeja a solidão.
Então, tento tocar teu corpo entre os sons dessas teclas,
Que são meus gritos, em melodia, lhe chamando.
De que somos feitos nós?
Senão dos ruídos soturnos da madrugada,
Das penumbras sôfregas descansadas nas calçadas,
De estrelas que riscam efemeramente o céu.
Das nódoas escuras que preenchem a lua,
Dos passos sorrateiros vindos do silêncio das esquinas,
Dos trêmulos movimentos dos corpos bêbados,
Dos caminhos infinitos do mundo.
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