“Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga.” Deleuze
sábado
fragmentAÇÃO
Cada hora é uma linha que se dobra no rosto.
E na umidade da dobra brota rostos outros,
Floresta de arbustorosto, folhostos, bichostos, outros.
Selva que balança nos sopros,
Ventando rostículos rumo ao universo.
Olhar atômico...
Cheiro molecular...
Perfil quântico...
No silencio das poeiras estelares,
Vibram cordas animalescas.
Conexões caosmóticas.
sexta-feira
Sopro
Quando, assim, a lâmina tocou a unha,
Espirrei o que de nós restava.
Voou a carnificina etérea,
Montada na bactéria alada.
Grudou nossas garras pontiagudas,
No lastro das paredes inchadas.
Arranhando com as verdes melecas,
As bolhas recém estouradas.
Escorre greta a dentro,
Inunda narina da terra,
Nos tira desse centro.
Bafeja na íris do mundo,
Nos borre nos lábios,
Com esse batom imundo.
In Trago
Um fio fumaça dilui-se no teto,
Teto fumaça.
Esfumaça a luz do teto,
Teto luz.
Luz funde com íris,
Íris teto.
Cobre a retina,
Arqui teto.
quarta-feira
Écrrum
A calçada tossiu e me acordou,
Aqui estou calçada nesta madrugada.
Madrugando minha calça, minha perna não,
Ainda dorme nua.
Madrugada calçada, pronta para ir,
Pela calçada tossida,
Com a perna adormecida.
Tosse a madrugada na calçada,
Calço a madrugada com a minha tosse,
E a calçada dorme, eu não!
NO FORA DAQUI E DENTRO DE LÁ
Caminha pela mata enquanto marcha pela cidade.
Canta a poesia dos povos enquanto vomita um discuso murcho,
Até seus dentes bambearem e a língua cair pregada no cimento,
Palavras palavras palavras palavras palavras pa lavras pá larvas larvas.
Sente o cheiro do movimento dos bichos enquanto seu nariz vermelho descontrai a sociedade.
Fabrica magia na umidade dos riachos enquanto seus olhos esbugalhados são vigiados.
Enfeitiça as tripas da terra enquanto é enterrada na cova putrificada da ganância.
Ouve o hino de sua morte e condecora territórios ainda inexistentes.
Viva! viva!
Viva?
E prossegue falecendo entre os ponteiros que a marca,
Imperceptível nas sombras da noite que a escurece.
http://www.youtube.com/watch?v=iftR6HJSOgU
terça-feira
VER TI GEM EM ME
Tropeça os cílios na poça dos olhos.
Navega barcoíris no horizonte do globo
OCUlar.
Estria veia e mancha.
Incha pálpebra e arde.
Escorre nariz engolindo boca.
Rubra pestana
Crivo da testa
Rasga esses dedos pelas bochechas,
Plantando unhas no húmus da língua.
Olá?
Olá?
O
0
o
LÁ?
l6
l6
6
Ah!
6h11h!
quinta-feira
Reflexões de um Banho
Aranha se debate com água,
de vaso sanitário.
Até encolher suas pernas linhas,
Tornando-se ponto preto no fundo.
Ponto com urina e fezes, descarga!
Aranha linha permanece na teia.
Enfeitada com restos de insetos,
cabelos, ciscos e aranhas.
Qual a relação ou não da aranha linha e aranha ponto?
Uma aranha linha perpassa uma aranha ponto
No entrecruzamento de si mesmo à teia que produz.
Mas, quando uma aranha linha não precisa mais de uma aranha ponto?
E lhe empurra dentro da privada.
O que faz uma aranha linha sem uma aranha ponto?
Uma Hora
A janela entreaberta
Ventarola.
Na minha boca entreaberta
A rua dorme lânguida.
Meu sono de dedos compridos.
A quina do muro é um véu
e voa.
Troca com o lençol
Acimentado
Na cama.
Meus lábios rachados
minados,
Explodem salivas infectadas pelos sonhos.
A noite é um varal de desejos secos
Amanhã ao escovar os pensamentos,
Recolherei-os, engomarei-os e vestirei-os.
ONDA
Exarcada encubro fibras d'alma,
Arrastando bolhas estouradas
Da fervura desligada.
E a madrugada grita.
Ensurdecendo afetos míopes,
Estourando tímpanos do desejo.
Agarro tempo com os dentes,
E só me resta cuspir ossos da sequidão.
Letargia
Alergia
Hemorragia
de viver!
domingo
SegredoSusurro:
Poe sia Visual... imagens toques de teu corpo convulsionado,,,,,babando poros abertos
silueta eriza abismos cobijantes
interessante........ espasmos trêmulos.....
como a/o que me poseen ao surrupiado querer
me enviou,,,,, recebo a perforar membranas tibias, pestanas em ecstasy
prefiro talvez talvez talvez embriagarme de tu elixir, de mi elixir? Elixir néctar tíbio
PPoesia PPerformática acaricia tripas, ripas, cifras de teus dentes na canção úmida da língua entrelazada
ou e ou e ou e ou eou peles e peles
performance intempestivas, voo na penumbra da noite
poé é? é? è po? tica labios danzantes, ursos uivantes
latiendote
Poesia vibra vibra vi vi bra bra bratil brtil til til tilil il il entre las sedas enloquecidas de gemidos gemi mi mi idos idos... dsiosidoodisdios
Di/os? Dois
Esfumadondose
En meandros remolinos
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Poética Cósmica do Quintal
Um fio do universo caiu em meu quintal,
E ali, entre as flores, ficou dependurado.
Balançava galáxias e nebulosas formosas,
E exalava um silêncio próprio de cometas em movimento.
As vezes se escurecia a ponto de quase desaparecer,
Não fosse o balanço, centelhas de enigmas.
Mas ali permanecia...
Fio comprido feito fio de macarrão.
Mole, espesso, suave, intenso.
Que gosto teria se eu o sugasse?
Um fio com molho de nano-planetas, micro-meteóros,
Minúsculos sóis, moléculas lunares.
Macarronada cósmica.
Desejo impelia o toque.
Fome incitava a devorar.
Corpo inclinava a embaraçar.
Aproximava-me entre espasmos,
Relâmpagos e micro-fusões.
A cada passo minhas vísceras trepidavam,
Meus pés tropeçavam,
Boca salivava, olhos em transe.
E derrepentemente...num sorrateiro susto.
Fio encolhe como um caracol e some buraco acima.
Em síncope, sinto o corpo diluído, derretido,
Amalgamando-se à poeiras estelares.
E estendida no chão, ainda quente,
Ouço uma valsa dissonante saindo dos poros da terra.
Todas as coisas em minha volta começam a dançar freneticamente.
Flores, vassouras, farelos, baldes, papéis, formigas...
Muros, água, luzes, postes, nuvens, estrelas, luas...
Dedos, dentes, pelos, mamilos, cheiros e ruídos.
Dançam os restos suados.
A multidão.
sábado
EM SÔNIA
Lóbulos trêmulos de orelhas saltitantes.
Saltam da cabeça conectando com unhas.
Bate na sola dos pés
Que é?
Poros pelos infectados
Afecção das partículas
Vísceras remexidas
Debulhadas
Sangue borbulhante e ferventando
Erupções Explosões
Arranhamento dos ossos
Areia na saliva cáustica
Veias errantes, sangue fluxo
Nômade
Estardalhaço dos sulcos
Secreções
Órgãos compridos, achatados
Mordidos e
Expelidos
Ferida aberta com novas infecções
Incômodo
Estranhamento
Vibração.
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