segunda-feira

Revérbero Lunar


A brasa do cigarro tem queimado mais rápido.
Parece estar sendo tragado por muitos...
Muitos sonhos, muitas lembranças!
Já sinto, com suavidade, os incontáveis tempos de aurora,
Escorregando entorpecido pelas nuvens macias do alvorecer.
Quem dera eu escorregar pela aurora dos sonhos,
Sem perder-me entre os tragos incontáveis do tempo.


No ocre amargo pintado pela sua ausência,
Prosta adormecido meu amor todo inventado.
Quisera despertar e saltar desta tela presente,
Mas nela vagueia feito fantasma num cadafalso.

Fica a me avistar da parede, com um olhar inócuo de pintura,
Como que balbuciando: que feiúra...me tira logo daqui!
E eu, feito criança birrenta, ponho língua e digo não:
- Ficarás aí pendurado, misturado às cores sôfregas da solidão.



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