segunda-feira

Súbito Encontro

Entraste...sem que eu pudesse notar
E corrompeste a ausência de teu sexo.
Passaste por mim como ventania...
Não lhe convidei!
Esperaste por mim como as nuvens aguardam pela manhã, o brilho do sol.
Perambulaste junto à minha sombra,
Demarcando com tuas formas o preâmbulo por nós devorado.
Olhaste para os meus olhos e quizeste cegar-te.
Ouviste minha voz e desejou ouvir teu próprio grito...de medo.
Encontraste com minha pele na aquiescência de levantar meu véu,
E se entregaste a nós como a chuva se entrega à enxurrada, 
Que escorre de si mesma!

Sem Título

O silêncio é o ronco da noite!
E na queimada seca da solidão,
A fumaça que enubla é sono,
A fuligem que plana é sonho,
E as cinzas que sobram...recomeço!


És, também, sopro que vagueia,
Arrepiando pontas de estrelas
Borbulhadas no ocre da escuridão.

És, também, canto profundo e suave,
Se entornando pelas gretas do espaço
Dividido pela tarde chuvosa.

És, também, poeira fina que assenta,
Encapsulando a superfície dos sonhos
Bailarinos no palco das noites.

E és, também e acima de tudo, o meu insano desejo,
 Enlouquecendo meu sangue nas veias
Vias efusivas e tortuosas do amor.
 


Na Pele

Minha epiderme é minha história escrita em poros abertos,
com a introdução de diferentes tamanhos e espessuras de pêlos,
cada sinal, mancha e estria é uma página...
cada fissura, cicatriz e ruga é um capítulo...
E o sangue, este meu leitor incansável,
Já sabe que a conclusão me é feita de puro ossos.


quarta-feira

Poema Prisioneiro

Avisto-lhe murcho alimentando-se dos meus sonhos
por detrás das grades do pensamento.
Inquieto, sambanga de lá para cá,
procurando, talvez, uma fresta nessa mente de cimento.
Não cometes-te crime algum.
Foste preso simplesmente por serdes poesia,
e pagas com teus versos de inocência
pela aturdez insípida de minha hipocrisia.
Se deixei minha tristeza lhe condenar,
a noite mensageira veio lhe dizer:
As estrelas estão em coro no céu,
e cantam advogando por você!!!



segunda-feira

E ela chega...


A noite grunhindo rua a fora
Vem tomando os becos engasgados.
Ao longe, avista-se uma força impetuosa,
cavalgando atroz a galope de fúria.
Sento-me na escada que dá para as estrelas,
e recomeço o cricrilar em um pardo papel.
Breve, meus dedos montam ao céu,
entortando a cabeça dos deuses.
Solto-lhes as plumas pintadas,
e o zéfiro parte sem nada dizer-me.

sábado

AMOR LIVRE

O amo porque não o tenho!
Pois se o tivesse, não o amaria.
Tê-lo faria com que deixaste de ser amor e se tornasse propriedade.
Não amamos nossa propriedade!
Temos por ela apego e dependência.
...Só amamos o que nos apresenta como livre, o que nos foge ao controle.
Daí amar Deus...
Daí amar a Vida...
Daí amar você!