sábado

ROGO

Quando eu não mais acordar...
Esperem!
Não me movam o corpo tão rapidamente.
Deixem-me esfriar a pele devagar
Como uma sôfrega sinfonia em pianíssimo.
Permitam estalos ao meus nervos e a cada susto,
Mirem meus espasmos sem por que.
O quarto sentirá o meu imóvel evadir,
Respirando ainda meu cheiro
Que breve se tornará insuportável,
Assim como meu silêncio.
Neste dia, emprestarei aos móveis
Uma quietude desesperadora,
E somente a indiferença das formigas
Devolverá algum movimento ao eterno.
Deixem as horas me saborearem lentamente
Até que me sobre o infinito apenas.


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