Encontrou-se com a vida em sua forma mais simples e pura,
E sentiu sua existência com intensa materialidade e concretude,
Estava ali, e apenas existia...
Bastava?
A noite lhe indagava enquanto tragava suas lágrimas.
Mas não ousava responder, e apenas sentia...
Sentia com brutalidade a envergadura do seu desejo,
Tornando-se paralítico, paraplégico e isquêmico.
Tomou mais um gole de desesperança,
E sentiu escorrer de si mesma a memória,
Há muito tempo vencida, derrancada e putrificada,
Entre as prateleiras empoeiradas do amor.
Teve então, os sonhos diluídos, aguados,
E nada tinha a fazer, senão espreitar o vazio.
Oca, seu suspiro ecoava entre...
Entre ela e o mundo...
Entre ela e a dor...
Entre ela e o silêncio...
Entre ela e ele...
Entre!
“Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga.” Deleuze
terça-feira
Uma Noite, Apenas!
Uma noite, apenas, os olhos embaçaram,
E enxergaram um céu distorcido e passaroco.
Uma noite, apenas, o corpo desfarelou,
Devorado pelas presas afiadas da dor.
Uma noite, apenas, o suspiro foi um grito,
Ensurdecendo as paredes assustadas.
Uma noite, apenas, os lábios murcharam,
Secos, minando sangue pelos lençóis.
Uma noite, apenas, um verme rastejou,
Fétido, permeio as penumbras da existência.
Uma noite, apenas, o gato não dormiu,
E arranhou o silencio abismal.
Uma noite, apenas, ela cheirou meus negros fios de cabelo,
E partiu....
A morte!
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