domingo

Perdida em meio as circunstâncias,
Me ausento em minha presença.
Sinto em enxurradas de saliva,
Gosto verde de outroras.
Quão explêndido crepúsculo a ameaçar-me a vida,
Com tal gozo de beleza que hoje é fraco e bruxuleante.

Da escuridão que lentamente afaga as árvores,
Restam os medos que sufocam a alma.
Penso em mim outrora como lobo,
Uivando na mata para a lua fria.
E esse desejo imortal em permear tua doce vida,
Levita na espreita de minha morte.

Quizessem meus olhos olharem os teus,
Em dia tão límpido de estupidez,
Porém, ficaram de castigo no escuro que a frieza de teus olhos refez.
Sou eterna contradição,
Já que invisível é o coração.
Sou palhaço em trabalho,
Mesmo quando o peito está em retalho.



Nostalgia Poética pela Noite

Deixei tudo para vos esperar...ò Noite que baixais,
Ressuscitando a macia negresa de flores sonâmbulas,
Entrecortando as migalhas de luz que ainda restam sobre as sombras da escuridão.
E sei que não esperei em vão...
Pois, a glória oriunda despertou-se de meu ser bruxuleante nas passagens difusas do amanhacer.
A aurora ardente, resplandecente de fendas sanguíneas sucumbindo o manto negro,
É apenas mais um adormecer meu,
Que entrecoberto de penugens ríspidas,
Emerge do abismo sonhante para a margem da espera ansiosa
De lhe sentir...lhe conhecer.
Ò Noite rodeada de mistérios,
Permita que eu alcance seu brilho por entre as estrelas pálidas e perdidas,
Desse vasto manto celeste.
E que o pincel do tempo jamais contente-se com o puro amarelo do sol,
Que me cega e machuca.
Permita que as chuvas noturnas arrastem para o núcleo da terra efusiva,
Todas as cores penetrantes de uma tela redonda guardada por um véu cósmico e fantástico.
Baixais mais e mais, ò Noite treval,
Até reencostar tua face cinzenta em meu colo repousado de espaço,
E preenchido de desejos imortais...