segunda-feira

O Cemitério

Deita-te aqui, perto de mim!
Todo estendido...vem mais perto
Assim!
Para que não te descubras tanto.
Não quero que te toque o chão.
Deixa o teu manto de lã neutra morrer entre a terra e o teu corpo
Tenho ciúmes da terra
E sabes bem que ela há de ser a última a te possuir
Quando eu for somente um perfume na planície de asfódelos...
Fui feita para o amor
Os homens e as mulheres são iguais para mim
Ah, quando eu for somente uma luz subterrânea entre as sombras da paz
Farás minha sepultura e escreverás sob a taça e a serpente.
Serás bela e perfumada para que sinta sempre este meu cheiro de perdição.
O meu leito foi grande e sonoro de amor
Põe um silêncio grave entre os teus pés e a terra
Não me acordes viajor!
Esta é a primeira vez que me deito sozinha 
Pois se a terra a de ser sua amante e a minha, por que ter ciúmes dela?
Mas mesmo assim terei!
Quando dançares sobre as folhas cor de fogo a tua dança de fumaça, quase fugindo para o céu
Nos movimentos do teu amor impossível
Eu abençoei o outono que se estendeu pela terra o teu corpo de sono
Isolando os teus pés do chão corrupto
Como um homem que mal contém meu beijo;
E o teu olhar é distante como as montanhas
E os teus lábios são firmes e tem força da distância que os meus te perseguem,
Pois, com o manto de lã encobrirá nosso amor
Que para sempre reinará no leito da morte.




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