segunda-feira

Elfo dos Sonhos!



Há ainda migalhas pelo chão.
O vento, sei, logo as levarão.
Me embrulho na manta da solidão,
Para que não me voe o que resta da paixão.
E inócua...fito os olhos no horizonte.
O que vejo?
Além do tépido anseio de possuir-lhe,
Que envenena meu sangue
Penetra com ardor em minh'alma
E esquizofreniza meus sentidos.
Será você...o Elfo que tanto procurei?
Teus longos fios de cabelos,
Ao se desmantelarem pelo zéfiro
Me cantam que sim!
Mas, amante, não posso me enganar.
A feiticeira da razão outrora prega-me estacas no coração.
Se assim, a lua beijar-lhe hoje,
Então, em todo bosque saberão.
Diante dela todos os lobos uivarão.
Que essas lágrimas que suavemente entorno
Minhas nódoas sangrentas limparão.

Encontro

Quando desprendeste de mim
No bucólico horário de tormentas
Espreitei-me contra teu vazio mordaz
E no sobressalto sórdido de seu sorriso mudo
Espalhou-se entre nossos olhares, o receio,
Outrora surrupiado pelo meu crepúsculo.
Abri-lhe os braços feitos à ilusão
E abracei-o como a noite abraça a escuridão.
Éramos só nós dois...na tenra misericórdia para a indecisão.
Mas não nos dissemos adeus...simplesmente partimos
Assim como céu e terra se partem no horizonte.






O Cemitério

Deita-te aqui, perto de mim!
Todo estendido...vem mais perto
Assim!
Para que não te descubras tanto.
Não quero que te toque o chão.
Deixa o teu manto de lã neutra morrer entre a terra e o teu corpo
Tenho ciúmes da terra
E sabes bem que ela há de ser a última a te possuir
Quando eu for somente um perfume na planície de asfódelos...
Fui feita para o amor
Os homens e as mulheres são iguais para mim
Ah, quando eu for somente uma luz subterrânea entre as sombras da paz
Farás minha sepultura e escreverás sob a taça e a serpente.
Serás bela e perfumada para que sinta sempre este meu cheiro de perdição.
O meu leito foi grande e sonoro de amor
Põe um silêncio grave entre os teus pés e a terra
Não me acordes viajor!
Esta é a primeira vez que me deito sozinha 
Pois se a terra a de ser sua amante e a minha, por que ter ciúmes dela?
Mas mesmo assim terei!
Quando dançares sobre as folhas cor de fogo a tua dança de fumaça, quase fugindo para o céu
Nos movimentos do teu amor impossível
Eu abençoei o outono que se estendeu pela terra o teu corpo de sono
Isolando os teus pés do chão corrupto
Como um homem que mal contém meu beijo;
E o teu olhar é distante como as montanhas
E os teus lábios são firmes e tem força da distância que os meus te perseguem,
Pois, com o manto de lã encobrirá nosso amor
Que para sempre reinará no leito da morte.