Folhas soltas rolam sobre o telhado
Desenhando no ar silhuetas emaranhadas
Riscam nosso sono as mangas que despencam sobre nossos sonhos
Tateando buracos no teto do pensamento
Por que não deixar pingar sobre nós?
Nossos riachos já se transformaram há tempo em oceanos
Tudo ao nosso redor sua e derrete
O gelo sobre a mesa
Os nossos olhos que se penetram
O dia que escorrega
A noite que se entrega
Caminhamos...
A rua parece eternizar uma passagem entre nós
O que se passa?
Além de carros, histórias, bichos, risos e olhares.
Pressa!
Temos pressa!
Onde queremos chegar com tanta pressa?
Em casa?
Na cama?
Ou no fundo de nós?
Prosseguimos escondidos nas sinuosas grutas
Feito animais selvagens devorando um ao outro,
Tracejo nas páginas do teu corpo
Minha escrita canhestra
A procura de uma fissura
Para entrar
E por dentro te rabiscar
Feito uma criança maluca.
Marquei território na tua janela
Que é pra nenhum outro bicho farejar
E durante a noite querer-te roubar
Esse seu cheiro avassalador de sexo.
Perfume em pele na poltrona ao lado
Passam os caminhos
Mas tua paisagem fica,
Alterando ainda meu tempo
Supitando meus líquidos
Fazendo chover.
Sobe as escadas
Teu último olhar é poesia
Rima com o meu
Que palpita
Feito coração já acelerado de saudade
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