quinta-feira

QUANDO ME FALA O POEMA

Roça-me os ouvidos a tua voz,
Brisa fresca velejando através de rios de distâncias.
Teu timbre tem a textura aveludada das pétalas de uma flor,
E balança, entre uma e outra palavra, através do vento que emana de sua respiração,
A sinto! Morna se entornando, adentrando-me,
Escorregando lentamente e prazerosamente para dentro de mim,
Preenchendo-me de sons que vibram, ecoam e estremecem minha carne.
Por vezes, tua voz é um vulcão em erupção, emanando palavras lavas que me queimam a pele,
Esfumaçam meus sentidos e me fazem arder.
Ardo! E como é árduo ouvi-lo sem tocar-lhe,
Ou, ou, ouvir-lhe é como sentir a sua fala macia tocando meu corpo todo e arrepiando cada fenda em mim.
Toca-me e me leva ao êxtase a tua voz que vagabundeia entre meus ouvidos,
Lambidos, os dois, ao mesmo tempo, ensurdecendo-os,
Quando quente, me grita o seu corpo.
Sua voz com dentes, me morde os afetos, arranca sangue do meu desejo,
Me despedaça, me come toda, me devora...
E ofegante, eu gozo!
Quando me fala o Poema.


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