Tua ausência transfigura-se em turvas ondas que se quebram na areia da minha pele.
O vinho que bebo, lentamente enegrece meus lábios noturnos,
Ainda entreabertos e suspensos no banco da praça,
De onde juntos, avistávamos a nua lua branca e os pássaros que não batem asas.
Sucumbo, agora, entre as pernas do seu lânguido sono
Tão seu, tão íntimo.
Sinto nas entranhas da madrugada o fantasma do teu corpo,
Assombrando meus desejos insanos.
Estás aqui, sua pele escorregando por entre o colchão,
Seus dedos cravados nas paredes, minhas paredes,
Seu suor umedecendo as estrias da minha solidão.
Minha alma sambanga pelas ruas infinitas dos nossos olhares, ainda apressados,
Esvai pelos becos sombrios onde nossas línguas se embriagaram,
Arrepiando os pelos das horas esquecidas e
Fazendo dos nossos corpos, penhascos para o abismo.
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