sábado

TUA VOZ

Tua voz...Ah! Tua voz...
Assim fugida dos meus ouvidos,
Quando fala me cala,
Só chora minh'alma.

Tua voz circula pelo meu sangue.
Moléculas de ruídos em meu corpo,
Devagar dentro de mim vai gritando.
Me pulsa, me expulsa, me enverga.

Tua voz, assim meio rouca, meio louca,
Tonteia-me os dias,
Tira-me com cada palavra uma peça de roupa,
Me deixa toda nua, crua.

Tua voz...Ah! Tua voz...
É um silêncio que me entorna,
No tardio suspiro das estrelas, 
Nas infinitas noites das suas canções.


segunda-feira

ALMA IRMÃ

Ao amado Jorge Bichuetti.

Tua voz serenizada voa entre os cantos da alvorada,
É como um sopro fazendo bailar as flores,
Que guardam teu perfume enebriante nas pétalas enrubescidas da madrugada.
Brisa fresca que entorpece com arrepio a pele dos dias,
Ventania que uiva paixão nos corações dos amantes.
Teu corpo, é serpentina nos carnavais da vida,
Samba colorido se fazendo poesia,
Tua existência, louca experiência no laboratório da vida,
Do ventre do tempo Aion, criança há pouco parida.

quarta-feira

RUBRO CÉU

De tuas pétalas enrubescidas despencando,
Sorvo o encanto da escuridão neblinada,
Como ácido devagar entornando,
Talhando em minha pele o toque da madrugada.
Tomba então o silêncio sobre as ruas,
Evaporando fantasmas da solidão,
Vão subindo ao encontro dos céus,
Turvas imagens entre a cerração.
Goza céu, águas frescas pelo chão,
Que de tanto roçar nuvens;
Tua pele é um vermelhidão.