Espremidos pela noite que nos desemboca nas fissuras eternas do universo,
Apalpando com os fios de cabelo as assombrações do inverno,
Queimamos na fogueira dos desejos nossos sonetos frios e sonâmbulos,
E através da fumaça dos sonhos, alcançamos nas epidermes incendiadas
O encontro flutuante das almas enigmáticas.
Desvelado o cardume do que agora escorre de nós,
Permeio o bálsamo fresco que com a língua capturamos,
Garatuja o vento que nos arranha os pensamentos.
Rasteja o temor que nos envenena os corpos mordidos,
E a noite, então, passa a ser apenas um lençol escuro,
Sobre o qual adormecem nossas ardências soturnas,
E nossos tropeços perdidos.
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