domingo

PALHAÇO GÓTICO

                                                       (Desenho em grafite, folha A3)

O que é um palhaço? Apenas um homem envolvido por roupagens imódicas a trazer de seu íntimo as vergonhas para transformá-las em riso? Ou, ainda, apenas um homem tenaz que com sua lupa de inspetor realístico leva para os palcos os fatos alheios temperados com pimenta que nos faz arder de rir? Ou, ainda mais, seria ele apenas um homem capaz de cativar o sorriso de uma criança e de resgatar o sorriso de um adulto enferrujado?
Não sei......
Um palhaço pode ser muito mais. Lembrais do Bobo da Corte que de bobo não tinha nada. Protegido por suas bizarrices podia livremente caçoar o rei e seu reinado, era na verdade um crítico da época medieval que sabia com destreza avaliar a realidade e torná-la pública.

O desenho centralizado acima, se refere a um palhaço gótico feito de encomenda para uma amiga muito especial: Fernanda Lima. E versa muito sobre a origem de nossa amizade....algo enlaçado pela identificação  e pelos itinérarios de comum escolha!

Exatamente por isso não desenhei um palhaço convencional: roupas de bolinha, nariz vermelho...porque nossa amizade nada tem de convencional, ao contrário se reveste com o tecido da criação constante, além do entusiamo pelas manifestações artísticas e culturais de nosso meio.

O gótico, revela a arte do duplo, de ser triste estando feliz e de ser feliz estando triste....de amalgamar tais dualidades a fim de torná-las o ponto de equilíbrio para um próximo desiquilibrar-se, pois é preciso!

Da intuição de que ...
Das lágrimas descobríamos umidez para o que estava seco....
Da amargura descobríamos um novo sabor ao misturá-la ao demasiado doce....
Dos desamores descobríamos a capacidade para amar além do ser-amado....

Enfim...

Da tristeza e da dor descobríamos a potência da arte!